Por Marcus Tavares

A festa junina deste ano da Escola Municipal Água Fresca, localizada no bairro de Água Fresca, em Itabira, Minas Gerais, teve um componente a mais: a conscientização da importância da recuperação e preservação do Rio do Peixe, que fica próximo à unidade escolar. Ao som das músicas regionais, a água foi a protagonista da festa que reuniu mais de duas mil pessoas, entre professores, funcionários, estudantes e suas famílias.

O programa Esse Rio é Meu é desenvolvido em conjunto pela Secretaria Municipal de Educação e pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente da Prefeitura de Itabira, em parceria com a oscip planetapontocom e a Fundação Vale – patrocinadora do programa. O objetivo do programa é engajar escolas na recuperação e preservação dos rios. Cada grupo de escolas ficou responsável por desenvolver ações em torno de um dos corpos hídricos da cidade.

A festa junina foi resultado de todo um processo de trabalho. O programa foi apresentado para as professoras em março. Em abril, a equipe fez todo o planejamento. E em maio as ações foram desencadeadas. Na primeira quinzena, os estudantes – da Educação Infantil ao Ensino Fundamental – foram conhecer de perto o Rio Tanque, na Mata do Limoeiro, no distrito de Ipoema.

“Queríamos mostrar para os nossos estudantes um rio limpo, em sua nascente. Para que eles pudessem fazer, posteriormente, a comparação com o Rio do Peixe, um rio próximo à nossa escola, já canalizado e que sofre com o despejo de esgoto. E assim foi feito. Logo depois da visita do Rio Tanque fomos ao Rio do Peixe”, explica a coordenadora pedagógica Junia Duarte Martins Lage.

Em seguida, as crianças aprofundaram os estudos sobre a história do rio, do bairro e dos moradores antigos. Tudo para resgatar a memória e o pertencimento. Fotos e vídeos das visitas foram organizados e compuseram uma exposição, realizada pela professora de Informática, exposta na escola para a apreciação de todos e com o objetivo de engajar mais ainda professores e estudantes e principalmente as famílias.

Em junho, os professores regentes promoveram dinâmicas de reflexão junto aos estudantes com o objetivo de conscientizar sobre o uso e a importância da água e dos rios, em especial a do Rio do Peixe. Atividades criativas, orais e escritas foram propostas e desenvolvidas, como produção de cartazes, interpretação de texto, cruzadinhas, ditados. Em paralelo, os estudantes leram o livro Sou um rio, de Mauricio de Sousa, trabalhando releituras, e o livro “O rio”, de Bartolomeu Campos de Queiróz.

“E como envolver todos da escola e fora dela? A festa junina: essa era a reposta. Transformamos a festa junina num grande evento de defesa do Rio do Peixe, destacando a importância da conscientização e preservação do rio. Não teríamos momento melhor para fazer isso. A festa junina da escola já é tradição e a cidade toda se prepara para participar. Recebemos mais de duas mil pessoas”, comemora Junia.

A festa foi então pensada a partir do livro do escritor Bartolomeu. “Fizemos uma releitura do livro”, completa Júnia. Toda a decoração estava relacionada à conscientização do meio ambiente. Todas as atividades e barraquinhas traziam uma questão ligada à necessidade de se preservar a água e os rios.

“Vou ser bem sincera: quando este programa chegou à escola, fiquei bem cética. Como vou trabalhar isso com os estudantes tão pequeno? Queimei a língua. Com o programa, descobri a importância dos rio e a quantidade de rios que a cidade tem canalizados. Foi uma (re)descoberta fabulosa. Acredito que o principal desafio foi conseguir que todos os profissionais entendessem o objetivo do projeto e se engajassem, mas conseguimos” destaca. 

Segundo Júnia, o projeto, por outro lado, tem o poder de despertar o interesse e a criatividade das crianças. “Desta maneira elas aprendem brincando. O tema sobre os rios e da preservação do meio ambiente em geral é de grande importância para todos. E quando conseguimos trazer esta conscientização para as crianças, estamos garantindo que o futuro seja promissor. A maior lição que podemos tirar deste processo é que se planejarmos e trabalharmos em equipe com um mesmo objetivo alcançamos o sucesso”.

De acordo com plano de ação da escola, a próxima etapa é de mobilização. “Estamos escrevendo uma carta para o prefeito, outra para a comunidade e uma terceira para as famílias. Queremos que as autoridades competentes façam uma sinalização dos rios canalizados para que a população tome consciência mais ainda da importância da preservação dos rios”, finalizou.