Ensino Médio pelos estudantes

Trabalho precoce, gravidez na adolescência, violência familiar, falta de acesso à escola na zona rural e ausência de proposta pedagógicas inovadoras são alguns dos desafios apontados por 250 adolescentes brasileiros que foram entrevistados pelo Observatório da Juventude da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Os resultados foram reunidos no relatório 10 Desafios do Ensino Médio no Brasil e divulgados, na semana passada, pelo Unicef.  O objetivo de ouvir os jovens – que estão fora da escola ou em risco de abandoná-la – é entender o que os impede de permanecer na escola e progredir com os estudos. De acordo com o mesmo levantamento, cerca de 1,7 milhão de adolescentes de 15 a 17 anos ainda está fora da escola.

Acesse o relatório na íntegra

Allan Weskley, de 18 anos, estudante de Belo Horizonte, uma das cidades incluídas na pesquisa, contou que vivencia alguns dos problemas em sua escola. “As turmas começam com 40 alunos e terminam com 25. Todo ano vemos a mesma coisa. Eu converso com meus amigos que pararam e escuto sobre a dificuldade que existe em conciliar trabalho e estudo”, relatou o jovem, que faz parte de um grupo de 80 adolescentes que vai participar do seminário.

O tema da violência foi apontado por uma adolescente de Brasília que parou de estudar: “tive que parar de estudar por causa da guerra [disputa entre grupos rivais do tráfico] (…) Tenho medo de ir para a escola e eles tentarem fazer alguma coisa comigo, me matar. Aí, eu não vou mais para a escola”.

Nas entrevistas, os alunos de diferentes cidades também fizeram críticas ao currículo, que consideram distante de sua realidade. “Gostaria que os professores deixassem as matérias mais simples, ensinassem alguma coisa que fizesse parte de nossa vida”, disse um adolescente de Fortaleza, que abandonou a escola no Ensino Fundamental.

Outro ponto levantado pelos entrevistados é a relação que dos alunos com professores. Segundo eles, a escola e os professores não abrem espaços para os alunos se manifestarem. Eles afirmaram que são infantilizados e não são considerados nas decisões sobre o cotidiano escolar. “Tem dias que eu nem mato a aula, a aula é que me mata”, disse um adolescente de Brasília que está cursando o Ensino Fundamental.

Adolescentes fora da escola

Do total de brasileiros com idade de 15 a 17 anos que estão fora da escola, a maioria está na Região Sudeste, com aproximadamente 610 mil (sempre com espaços) adolescentes nessa condição. Em seguida está a Região Nordeste, com mais de 556 mil. O menor número foi registrado na Região Centro-Oeste, onde cerca de 112 mil jovens abandonaram os estudos. De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicilio (Pnad) de 2011, o número de adolescentes de 15 a 17 aos analfabetos é maior do que o da população da mesma faixa etária que nunca frequentou escola. Mais de 142 mil jovens estão nessas condição, segundo o Pnad.

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MARILEA DA CRUZ
9 anos atrás

Todos os problemas apontados pelos alunos são recorrentes e estão presentes na educação já de longa data. O mais grave é que se não forem buscadas alternativas de imediato, a tendencia será o colapso total no desenvolvimento do país que por falta de medidas que já deveriam ter sido adotadas, sofre com a carência de profissionais que atendam ao mercado de trabalho.

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