Por Luanna Tavares
A Atiaia, a onça-pintada brasileira, que vive no Parque Nacional de Foz do Iguaçu, no Paraná, acaba de virar estrela. Ela e mais cinco animais selvagens (elefante, rinoceronte, lêmure, pangolim e urso-cinzento) fazem parte da versão piloto do aplicativo Safari Central. A plataforma traz em realidade aumentada os seis bichos em informações reais. Neste sentido, os animais podem ser inseridos nas fotos dos usuários em qualquer lugar e tamanho. O aplicativo também disponibiliza a posição geográfica, tamanho e hábitos dos animais. É possível ver ainda o animal em seu habitat natural, rugindo, caminhando e etc.
Considerado o “Pokémon Go” da natureza, a plataforma, gratuita e disponível para Android e iOS, foi desenvolvida pela startup queniana Internet of Elephants, com o apoio do WWF-Brasil e do Instituto Pró-Carnívoros. A versão completa será lançada em agosto de 2018 apenas com animais em extinção. Ao transportar virtualmente animais selvagens para cidades, os desenvolvedores querem integrá-los ao cotidiano.
A plataforma está oferecendo uma promoção, em que o responsável pela melhor fotografia tirada com o app, será premiado com um Safari de sete dias no Quênia para duas pessoas. A ideia é transformar os usuários em ativistas ambientais.
Conheça a plataforma: www.safaricentralgame.com
A revistapontocom conversou com Anna Carolina Lobo, coordenadora do programa Mata Atlântica e Marinho do WWF-Brasil, para entender mais sobre a importância do aplicativo.
Acompanhe:
revistapontocom – Qual é a importância de um aplicativo como este para o meio ambiente e a vida selvagem?
Anna Carolina – Hoje as pessoas estão cada vez mais desconectadas da natureza. Estamos vivendo um transtorno de déficit de natureza coletivo, como bem coloca o jornalista Richard Louv em seu livro A Última Criança na Natureza. Assim, aplicativos como o Safari Central surgem como uma possibilidade de conectar as pessoas ao meio ambiente de uma forma inovadora. Já que elas estão 100% conectadas, estamos trazendo questões ambientais importantes para um contexto que elas entendem: a internet.
revistapontocom – Neste sentido, um jogo acaba contribuindo mais facilmente para a conscientização das pessoas?
Anna Carolina – Com certeza! De forma lúdica e acessível, fica muito mais fácil trazer o tema da conservação de espécies para mais próximo das pessoas, além dessa conexão com a natureza que tanto falta. Além de brincar no app, as pessoas poderão ler informações sobre cada animal e fazer mini doações para a causa da instituição que mais gostar, ajudando a conservar as espécies e o meio ambiente ao redor delas.
revistapontocom – Das seis espécies encontradas no jogo virtual, uma é brasileira. O que motivou a escolha da onça-pintada Atiaia?
Anna Carolina – A onça-pintada é uma das espécies mais ameaçadas da Mata Atlântica. Em todo o bioma só existem hoje cerca de 200 indivíduos, menos de 1% da população original. Assim, a ideia é dar mais visibilidade para o animal e ajudar a aproximar as pessoas dele. A Atiaia é uma das onças que vive nas florestas do Parque Nacional do Iguaçu (PR), onde é monitorada pelos cientistas do Instituto Pró-Carnívoros com o apoio do WWF-Brasil, do parque e do ICMBio por meio de câmeras escondidas na mata. As imagens captadas pelas famosas câmeras trap servem para que os cientistas avaliem informações sobre cada animal. É assim que descobriram que a Atiaia, por exemplo, acaba de ganhar um novo filhote.