Porta fechada

Por Marcus Tavares
Editor da revistapontocom
Texto originalmente publicado no Jornal O DIA

A atual crise brasileira é visível e vem impactando diversos setores. Um dos mais caros à sociedade é o emprego. Nesta semana, o IBGE anunciou que a taxa de desemprego subiu nos últimos três meses (março/abril/maio), chegando à casa dos 8% — a maior da série histórica, que começou a ser contabilizada desde 2012. Na semana em que foi realizado o levantamento, havia 8,2 milhões de brasileiros — de 14 anos ou mais — desocupados e à procura de trabalho.

Desse total, sabe-se que, em tempos de recessão econômica, são os jovens os mais prejudicados. Em abril, a taxa geral de desemprego em seis regiões metropolitanas do país — São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Recife, Salvador e Porto Alegre — foi de 6,4% em abril. Entre os jovens, esse percentual foi duas vezes e meia maior: ultrapassou os 16%.

Como aponta relatório da ONU, em tempos de recessão econômica, são os jovens os últimos a entrar e os primeiros a sair; os últimos a serem contratados e os primeiros a serem despedidos. E isso tende a acontecer, em especial, em dois momentos cruciais na vida da juventude: na transição do Ensino Médio e do Ensino Superior para o mercado de trabalho.

Não é à toa que instituições públicas e particulares de ensino vêm promovendo eventos, feiras e atividades para aproximar os estudantes do mercado de trabalho, ouvindo as demandas e as expectativas do empresariado. Boa estratégia no sentido de propiciar, ainda no banco da escola e ou da universidade, uma ponte, tão necessária. Mas que muitas vezes não faz eco — afinal, faltam vagas no país todo.

Como consequência, temos jovens se virando na economia informal. Os que podem procuram mais e mais qualificação na esperança de se diferenciar no mercado. E há aqueles que se empenham no ramo do empreendedorismo, não por uma virtude, mas por falta de escolha, numa tentativa de liderar o seu próprio caminho. Assim caminha a juventude brasileira, em meio a tantos problemas e dificuldades. Um quadro triste e sem perspectivas positivas a curto prazo.

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