Por Marcus Tavares
Editor da revistapontocom
Texto publicado inicialmente no Jornal O DIA
Dar ou não um tablet ou um smartphone de última geração para as crianças? Volta e meia, os pais se fazem esta pergunta. Muitos acabam se rendendo aos pedidos insistentes da garotada, que se sente fora da moda ou da turma por não ter o mesmo aparelho. Se você, que é pai ou mãe, ainda não vivenciou esta cena, aguarde. E, lógico, prepare o bolso. Mas lembre-se: há outras boas opções, inclusive mais baratas, que podem ser oferecidas para os pequenos. Não sou contra a compra das tecnologias digitais, mas reitero o quanto é importante impor limites no uso e propiciar outras vivências.
Por exemplo, qual foi a última vez que você levou seu filho ao cinema? Quando foi que visitou um museu ou uma livraria para comprar um livro? Já fez as contas? Com o valor de um smartphone, em média ao preço de R$ 1.200, é possível comprar cerca de 100 ingressos de cinema ou 75 livros e visitar dezenas de exposições, muitas inclusive gratuitas.
Achar que a tecnologia e tudo o que ela traz com o acesso à internet já dão conta do recado, da curiosidade das crianças, garantindo conhecimento, informação, entretenimento e cultura é um ledo engano. Faz-se necessário oferecer outras linguagens e momentos. Outros contextos. Só assim é possível ampliar o horizonte delas.
Vejo muitos pais dando tais aparelhos por insistência da meninada (muitos se endividando em até 12 prestações no cartão de crédito), mas também como uma forma de fazer com que as crianças fiquem quietas, sem “encher o saco”.
Prático para os responsáveis? Muito, certamente. Porém, desrespeitoso com a potencialidade das crianças. Depois são estes mesmos pais/responsáveis que reclamam que seus filhos não saem do computador, não desgrudam dos celulares e não largam os joguinhos, as redes sociais e os tablets. Como exigir outra realidade se foi exatamente essa na qual foram e ainda são criados?