Por Marcus Tavares
Jornalista e professor. Editor da revistapontocom.
Indisciplina. Se você tem filhos, sobrinhos ou netos, sabe o que significa esta palavra. E, com certeza, já discutiu bastante sobre este assunto em casa. Quando a indisciplina parte então de adolescentes, o problema complica ainda mais. Que o digam os professores. É fato que a indisciplina sempre existiu no ambiente escolar, mas arrisco dizer que ela vem se tornando uma rotina desgastante, estressante e, às vezes, insustentável.
Não podemos generalizar, mas me parece que boa parte dos adolescentes perdeu completamente o respeito para com o professor. Não existe o entendimento de que o mestre, na sala de aula, é uma autoridade. É preciso deixar claro que não se trata de um autoritário, mas de alguém que tem autoridade, sim, na condução do ensino.
Sabemos que esta autoridade não é nem deve ser dada, mas cultivada e construída na escuta e no diálogo, na percepção de ambos — alunos e professores — de que há deveres e direitos. Porém, quem disse que os alunos estão interessados nesta conversa? Quem disse que os estudantes se esmeram em cumprir seus deveres? Ledo engano. Os deveres são deixados de lado. Mas os direitos…
Culpar a família ou a própria mídia pela indisciplina, como destaca a pesquisa ‘Observatório do Universo Escolar’, não resolve o problema, embora seja um bom marcador de avaliação. Afinal, são duas instâncias de ensino e de exemplos, que acabam repercutindo na escola.
Não faltam no mercado atividades e dicas de como reverter a indisciplina na sala de aula. Os professores estão atentos. Mas tenha certeza, você, leitor, que não é professor: o relacionamento com os jovens é cada vez mais difícil. Boa parte deles acha que sabe tudo e não quer viver sob regras.
Como então podem co-existir respeito, diálogo e escuta? Como exigir respeito, diálogo e escuta numa sociedade que enaltece o individualismo e empodera a juventude. Se os adolescentes não aprendem com a família, nem com a mídia, com o que passam o maior tempo do dia, o que dirá com a escola? A indisciplina está fora de controle.
revistapontocom pergunta: você, professor, também vivencia esta indisciplina na sua sala de aula? Como você lida com isso?
revistapontocom pergunta: você, professor, também vivencia esta indisciplina na sua sala de aula? Como você lida com isso?
Ô se vivo… não sou exceção nesse caso. Estou numa estatística.
Fiquei doente várias vezes por me aborrecer,por gritar,por falar firme,por repetir mais uma bronca. Mas depois decidi que isso ia acabar.
Eu resolvi simplificar a vida dentro desse cenário que estou vivendo – a indisciplina – apenas com o uso de uma palavra: SILÊNCIO.
Com isso, deixo de prejudicar o que é mais importante para uma boa educação ser passada: A SAÚDE.
Eles sabem porquê estou ali na frente falando.
Eles já sabem a postura que devem ter quando tem gente ali na frente, ao quadro, ou ditando, ou explicando alguma coisa. Por PODER DE ESCOLHA, preferem continuar sem cultura.
Quando tudo começa (baderna) ,me calo e espero.
Não vêm adiantando tomar postura autoritária atualmente. Antigamente, láaa atrás,até poderia funcionar,mas isso causava (ao meu ver) mais problemas.
Coordenação, suspensão, broncas, lições de moral, agora tudo isso têm como resposta uma risada ou ar de deboche. É o que eu vivo assistindo.
Perdi ? Eu não acho. Eu ganho, como falei antes,a minha saúde,minha paz interna,sabendo que eu fui lá de boa vontade cumprir o meu papel.
Quem perde, é quem quer continuar mergulhado na ignorância = falta de conhecimento.
Sei que eles não são convencidos deste pensamento, mas eu posso lavar minhas mãos.
Minha postura é essa, agora, pois médicos, prefiro conhecer fora do consultório.
Olá!
Gostei muito da matéria escrita pelo Professor Marcos e aproveito para destacar a fala da minha colega de cargo Paty. Também sou coordenador Pedagógico em uma escola em Araçariguama – SP e, vivo dilemas bastante parecidos com os quais ela, com bastante propriedade, nos apresentou. Tenho falado aos meus colegas professores que nós educamos as crianças mais com nossos gestos do que com nossas palavras. Portanto, temos sim de sermos exemplos aos nossos jovens se quisermos de fato termos uma escola e uma sociedade melhor. Tenho feito um trabalho junto às famílias de meus alunos, no sentido de orientá-las sobre as estratégias que devem ser usadas para cultivarem bons valores com seus filhos. Esse trabalho tem surtido um bom resultado. Porém o enfrentamento da questão da indisciplina dentro da sala de aula e em outros espaços sociais de uma maneira geral perpassa por várias instãncias e, muitas vezes foge da alçada da escola. Escola essa que na maioria das vezes acaba sendo a culpada pelo fracasso social. É preciso que toda a sociedade, sobretudo nossos legisladores, tenham um olhar muito cuidadoso com nossa educação, ou então não saberemos o que será de nosso país no futuro. Grande abraço à todos e todas!
Excelente texto, finalmente me senti amparada, pois não culpa exclusivamente os professores pelo que ocorre, se é que há culpados para a situação da sociedade.
Haroldo, concordo em tudo com você.
Paty, sou professora e também não sei exatamente o que fazer.
Comentei esse artigo no meu blog e lá respondo da seguinte forma a pergunta feita no final:
você, professor, também vivencia esta indisciplina na sua sala de aula? Como você lida com isso?
Sim, eu vivencio. E lido com isso como posso. A cada dia tentando o que parece ser mais adequado ao momento. Às vezes consigo conversar, às vezes tenho que ser rígida. O invariável é o sofrimento de todos.
O link para a postagem: http://ultimadecadentista.blogspot.com/2011/07/indisciplina-na-escola.html
Sinto que seria necessária a união de todas as pessoas, ou pelo menos a maioria, para mudar a situação.
Olá, a todos os professores
Ao colega professor tem o meu apoio, porém temos que nos avaliar enquanto sociedade. Quando o professor é vítima na sociedade , sinto dizer que o aluno também é. Mesmo, as pessoas digam que não. Pois, a educação é bem mais ampla: educamos em casa, na escola , nos meios de comunicação, na internet , nos exemplos políticos e pessoas públicas. E que exemplo temos: a mídia explorando o homosexualismo, a violência. Os políticos roubando, as corporações se fragmentando, a família degradada, a prostituição chegando pela televisão, pelos jornais, pelas revistas. Você vai a banca de jornal e o que vê: Bundas,mulheres nuas; sem qualquer pudor, jogadores de futebol assassinos, jovens sem futuros (presos) em manchete. Que País pode cobrar de seu jovem tendo esta postura? Que mídia será cobrada pelo que está vendendo?
Não é uma situação de fácil solução, porém, sou professora e estou na coordenação e recebo desde o primeiro turno até o segundo, alunos na coordenação por indisciplina. O professor não sabe o que fazer, o encaminha para a coordenação e nós temos que resolver situações que não tem solução a curto prazo, porque gostando ou não é um problema social grave, muito grave. E que engloba o professor , o aluno e os Pais e a sociedade. Pois, quando os responsáveis chegam a escola, também não sabem o que fazer. É um problema estrutural. A família não sabe, o professor põe para fora e o aluno continua perdido fazendo inúmeros atos inconsequentes. Acho que é o momento para todas as escolas pararem pelo menos 1 dia e discutirem e procurarem ajuda ou solução. Pois, se não for feito, a tendência é piorar. Não podemos dizer que o problema está do lado de fora; ele está dentro. Pois, passando boa parte dos nossos dias no trabalho . E o nosso trabalho é na escola. Quando observo os mesmos adolescentes na rua , se comportando mal. Nós todos falamos não é comigo! Isto é apenas o resultado de um País sem Pátria. Só somos coletivos quando tempos copa do mundo! Nem para votação somos coletivo. Enquanto acharmos que não é comigo! Teremos resultados como este! Nós temos que nos incomodar sim; somos cidadãos brasileiros. Enquanto acharmos :__ Não é o meu filho! É o filho da classe baixa, ou é filho do outro! Como se ele não fosse filho da Nação! Se toda a sociedade tivesse uma postura de educar! Nenhum jovem se sentiria a vontade para fazerem o quem feito! A Educação não é só em casa ou na escola! É em todos os lugares!
A sociedade não pode se sentir Poncio Pilatos e depois cobrar soluções! É só observarmos
as sociedades menores, pequenos grupos , cidades do interior , onde toda a comunidade local não permite que se quebre a disciplina, o respeito e a paz do lugar. Porque todos se sentem responsáveis pelo local que habitam , que convivem em grupo. Todos nós temos que fazer este paralelo. Temos que nos comprometer a conviver em grupo. Se sentir mais responsáveis. E parar de dizer não é comigo.
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revistapontocom pergunta: você, professor, também vivencia esta indisciplina na sua sala de aula? Como você lida com isso?
Matéria bem escrita, mas é como várias que já vl antes, onde tudo acaba com o professor tendo de resolver o problema, o que não vai acontecer. Vivencio indisciplina diariamente em sala de aula, física, emocional e por aí vai…nada é feito nem pode ser feito pois não há punição efetiva pois a transformaram em medidas sócio-educativas, tudo acaba em falatórios e muitos papéis para Deus e o mundo e o indivíduo sai rindo e continua a aprontar. Tenho alunos que vão terminar a educação básica sem terem mudado o comportamento em oito anos. Todo mundo sabe disto mas parece que ficam com medo de comentar ou entraram em estado de indiferença. Qual será a palvra equivalente a Bulling que sirva para como os professores são tratados pelos alunos? Como lido com isto, como não temos apoio algum, tenho ido a médicos, psicólogos e até em igrejas para pedir para Deus me iluminar e proteger. Os médicos me dizem para mudar de profissão, como nesta altura da vida não da mais prescrevem vários calmantes. Pobre Brasil com jovens como estes ,que nem sabem o significado de respeito, se soubessem deveriam primeiro respeitar a si mesmos para depois respeitarem os outros.