Cineclube da hora

Conheça a nova edição da revista Prisma.

Saiu a nova edição do Prisma – revista eletrônica produzida pelo Instituto Desiderata. Desta vez, a publicação traz reflexões de professores de escolas municipais do Rio de Janeiro, que atuam no segundo segmento do Ensino Fundamental. Professores de escolas da Zona Norte da cidade relatam suas experiências de educação com adolescentes usando diversas linguagens das mídias e das artes. É o caso, por exemplo, da educadora Sonia Maria da Silva Maciel,  professora regente de História da Escola Municipal Aníbal Freire e articuladora do Projeto Cineclube nas Escolas, da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro.

No texto Cineclube da hora, ela conta o processo de criação do cineclube.

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Cineclube da hora
Por Sonia Maciel

Finalmente, conseguimos dar a partida para o trabalho cineclubista na escola! Some-se a isso a generosidade dos alunos do oitavo ano que, desde o primeiro momento, estiveram presentes. De uma aula inaugural abrindo o ano letivo de 2011 até começarem as sessões, levou tempo! E que tempo! Tempo de encontrar colegas de outras escolas que já desenvolviam o projeto; tempo de buscar aproximação daqueles mais experientes na área; tempo de procurar os cursos pertinentes ao cineclubismo; tempo de ver que o tempo poderia nos levar para essa magia das imagens em movimento.

O cinema tornou-se tão relevante que passamos, de comum acordo com alunos interessados, direção da escola e coordenação pedagógica, a fazer encontros semanais, às sextas- feiras, no contraturno. De início, eram cerca de nove alunos, até que um grupo fixo de seis começou a se configurar como aquele disposto a tocar o barco. Eram nossos monitores por excelência e por vontade própria. O acervo de filmes que chegou à escola foi saudado por todos, ansiosos que estávamos para dar a largada em uma ação com outros alunos.

Para a escolha do filme a ser exibido, o grupo de monitores se posicionou no sentido de analisar pelas sinopses o que poderíamos apresentar, não sem antes verificarmos também a duração do filme. Depois, a exibição preparatória que antecedia àquela planejada para outros alunos. “O contador de histórias”, direção de Luiz Villaça, foi o escolhido para a primeira sessão experimental, ao lado de dois curtas, feitos pelos alunos do Núcleo de Arte Grécia, “O pequeno cordel do sapato voador”, selecionado para um festival em Portugal, e “Um lugar chamado Quitungo”, apresentando a história do lugar, um antigo quilombo, ambos do DVD “Alma suburbana”, com direção de Luiz Claudio Lima, Joana D’Arc, Leonardo Oliveira e Hugo Labanca, distribuído pela Secretaria Municipal de Educação (SME) para as escolas municipais em 2011.

O filme apresenta a trajetória de um menino de Minas Gerais, ex-interno da antiga Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor, atual Fundação Casa) que se descobre na vida a partir do encontro com uma pesquisadora francesa em visita ao Brasil. Roberto Carlos Ramos, o jovem retratado no filme, é hoje um contador de histórias celebrado mundialmente.

Passados vários encontros, quando nos perguntávamos que nome teria o cineclube, um dos monitores insistia em chamá-lo de Cineclube Histórias, porque sempre que nos reuníamos para escolher os filmes, tínhamos uma nova história a ser contada.

A escolha do nome do cineclube foi tratada de início como uma possibilidade de ser discutida pelos alunos monitores ou entre os alunos da escola. Depois, definimos que deveria ser decidido pelo grupo que está à frente do projeto, e ficamos de pesquisar possíveis nomes.

Minhas experiências cineclubistas anteriores, com passagem pela Associação de Cineclubes do Rio de Janeiro (Ascine-RJ), trouxeram à baila nomes de diferentes cineclubes como Beco do Rato; Sua Escola no Cineclube, Mate com Angu, Subúrbio em Transe, Cineclube sem Tela, Rabiola, Tela Brasillis, Cineclube Brasil, entre tantos outros, chamando a atenção do grupo sobre a escolha do nome, que deveria levar em conta a criatividade.

Mais sessões foram programadas, incluindo a iniciativa de convidar alunos do contraturno, não sem antes comunicar aos responsáveis da atividade extraclasse. Assim, fizemos sessões com alguns dos filmes do projeto, sabendo que uma vez o filme estreado no cineclube, imediatamente seria disponibilizado para uso de outros professores.

Fato marcante foi a exibição de dois filmes feitos pelos alunos da Escola Municipal (E.M.) Almirante Tamandaré, no Vidigal: “A dor da perda” e “Nada é para sempre”. O grupo presente no dia da sessão não era grande, no entanto, soube muito bem deslanchar um debate muito interessante sobre as temáticas abordadas: gravidez na adolescência e amizade interrompida. Na hora da avaliação, quando os alunos recebem fotogramas impressos para darem suas opiniões por escrito, vimos muitos desenhos representando diferentes planos de um dos filmes. Juntos, esses fotogramas passaram a fazer parte de um mural apresentando o projeto Cineclube nas Escolas, na porta da sala de vídeo.

Ainda que não tenhamos todas as condições técnicas adequadas, acreditamos que esse projeto traz um diferencial para nosso trabalho. Quando nos deparamos com a nova condição de lidar com o conhecimento, que passa pela discussão entre professores e alunos de critérios para exibição, replanejamento, respeito a opiniões diferentes, percebemos uma possibilidade de transformação do nosso cotidiano escolar. Como nos disse um dos alunos monitores: “A sexta feira de manhã é meu melhor dia da semana na escola!” Vocês, Gabriel A. Marinho, Gabriella A. V. Brito, Marcelle M. Paiva, Luiza A. Oliveira, Migue Pache, Elizabeth da S. de Oliveira, já fazem parte desse filme.

Em meio às discussões sobre o nome e o logotipo, “Cineclube da Hora” foi o escolhido pelo grupo para batizar nosso trabalho com cinema na escola.

A hora é essa!

O Cineclube da Hora da E.M. Aníbal Freire saladeleituraanibalfreire.blogspot.com é parte integrante do Projeto Cineclube nas Escolas da SME. Assista ao curta “Em busca do amor”, feito pelos alunos da escola

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Silvia Regina Lanfredi
Silvia Regina Lanfredi
9 anos atrás

Belo trabalho, que desperta o interesse dos adolescentes pelo cinema, e pode despertar vocações que talvez nunca viessem a se manifestar !

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