Desigualdade, violência, paz, consumo e política. Com o objetivo de dar vez e voz às crianças e jovens, a revistapontocom inaugura mais um espaço neste sentido: o Fala Jovem. Neste espaço, vamos publicar textos escritos por crianças e jovens sobre diversos assuntos. A ideia é promover a ‘fala’ destes cidadãos e ao mesmo tempo possibilitar que os adultos conheçam e ouçam suas histórias, sentimentos, comentários, avaliações sobre temas do nosso cotidiano. O texto de hoje é da menina Antonia Quintiliano, de 14 anos. Em pauta: a questão do (bastidor do) consumo das drogas.
Eram umas vezes
Era uma vez uma garota.
Ela gostava de viajar, ir ao shopping e sair com seus amigos hippies.
Os hippies foram um movimento jovem de protesto que nasceu na década de 60.
Mas essa garota não era de 1960. Não protestava.
Mas ela comprava roupas na feira hippie.
Um dia ela saiu com esses amigos pra dar um ‘tapinha’.
A maconha quem arranjou foi um dos garotos do grupo.
Era uma vez um garoto do grupo.
Ele tinha um irmão e o admirava muito.
Esse irmão já tinha dezesseis anos, tinha uma banda de rock, e tinha maconha.
O irmão dava um pouco a ele em troca de tarefas.
Isso era o maior motivo pra tirar onda: seu irmão tinha maconha, logo ele sabia tudo sobre o assunto.
Mas nem era ele que arranjava a droga, era seu irmão.
Era uma vez um Irmão. Ele tocava guitarra na sua banda.
Ele fumava, afinal, era muito alternativo.
Ele tinha acabado de fazer dezesseis anos e escondia maconha na terceira gaveta do armário.
Se sua mãe descobrisse ele tava morto.
Ele subia o morro.
E comprava de um cara
Era uma vez um cara.
Ele nasceu na favela e iria morrer na favela.
A maconha vinha e ele vendia.
Toda sua família era metida com o tráfico.
Seu irmão havia morrido, foi baleado.
E ele também tava fudido.
A única que o ajudava era sua mãe.
Era uma vez uma mãe.
Ela havia tido dois filhos com 15 anos.
Um tinha sido baleado, tudo por causa do tráfico.
Ela rezava toda dia pra Jesus Cristo acabar com isso, pra Jesus fazer os filhos dela ficarem bem.
Ela rezava para as pessoas pararem de comprar droga.
Para o filho parar de vender, pra acabar com a violência.
A menina também protestava por isso. A menina tinha acabado de fumar com seus amigos a maconha que o amigo do grupo que tinha dado que o irmão tinha arranjado, que tinha comprado com o cara. Depois, ela saiu e foi protestar pela paz, na marcha que estava acontecendo em Copacabana.
Mas a paz da mãe ainda não chegou.
Era uma vez uma menina-escritora que tinha uma professora que instigava seus alunos a pensar através da escrita. Era uma vez uma professora que incentivava seu filho Artur a expor seus pensamentos e sonhos através da escrita. Era uma vez um menino que, de tão bom, ganhou uma coluna na Revista.com. Era uma vez uma revista virtual que resolveu dar voz e vez aos jovens talentos. Era uma vez uma menina-escritora chamada Antonia que nos emocionou enormemente com sua sensibilidade. Parabéns a todos os envolvidos pela tentativa de construção de um mundo melhor.
Muito bacana a volta que Antônia da pra chegar ao mesmo lugar.
Antônia é bacana, madura e forte. Eu gosto da sua autenticidade.
Bj, parabéns professora e aluna da Sá Pereira.
Cecilia
Antônia, parabéns pelo texto. Fico tocada e confiante. Que venham novos textos e novos olhares! Beijo no coração.
Genial, toti!!!
Antonia, são mesmo muitas histórias dentro da história de cada um. Há sempre alguma complexidade a ser desvelada, reparada. Essa compreensão talvez possa nos trazer uma atitude mais generosa com o outro, que é tão importante, não é?
Você me emociona um bocado, menina (kkk)!
um beijo, parabéns pelo texto!
Flavia
nosssaa genial!!!
Muitoo bom!!
Antonia!
Seu texto transborda em realidade e…sensibilidade!
Personagens e situações vão se ligando num crescente de emoção. Mas também senti ternura e esperança( estou certa?)Parabéns!e fico esperando novos textos.
Beijo grande Mariza
Parabéns! Lindo e atual!
Parabéns Antonia! Que sua visão ajude a reflexão sobre o assunto!