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Para os pais

Educadora Andrea Ramal lança segundo livro que reúne dicas e orientações para os pais tornarem seus filhos bem-sucedidos.

Por Marcus Tavares

Ela parece que descobriu um novo filão editorial: os pais. Depois do Depende de você: como fazer de seu filho uma história de sucesso (LTC Editora), lançado em 2011, a educadora Andrea Ramal lançou, este ano,o título Filhos bem-sucedidos (Editora Sextante). “Resolvi escrever porque faltavam livros com orientações consistentes e práticas para os pais, vindas de um autor que tenha experiência educacional e escolar. Materiais escritos sem “pedagogês”, com linguagem acessível para qualquer pai ou mãe. Há ótimos livros com contribuições da área de psicologia, que abordam disciplina, limites e etc. Meu aporte é outro e pode ser resumido assim: o que um educador, que trabalha e conhece a escola por dentro e seus desafios hoje, gostaria de dizer aos pais?”, explica.

Ao dar dicas para os pais, Andrea defende que as famílias não se conformem com pouco no que diz respeito à educação de seus filhos. Segundo ela, é preciso afastar a ideia de que “assim que possível” é preciso matricular o filho numa escola particular. “Há que exigir uma educação pública da mais alta qualidade. É o que se deve esperar de um país com o nosso potencial econômico”, destaca.

Acompanhe a entrevista:

revistapontocom – Investe-se bastante na capacitação dos estudantes, professores e gestores. E quase não se fala nos pais/responsáveis. O seu livro é uma tentativa de ‘capacitar’ os pais na educação dos filhos. Não é isso?
Andrea Ramal – Você tem razão, é exatamente esse o intuito do livro. O Brasil pode vir a elevar a qualidade da educação, o que vai depender de investimentos corretos e de políticas públicas de médio e longo prazo, com uma gestão eficaz etc. Mas mesmo que tudo isso acontecesse, não poderíamos atingir o resultado máximo se, em casa, as crianças e os jovens não recebessem a formação adequada. O problema é que a educação de hoje tem desafios que, certamente, não são os mesmos de outras épocas. E se para a escola descobrir os melhores caminhos não é nada fácil, o mesmo se pode dizer dos pais. Em países com sistemas educacionais considerados de alta qualidade, a realidade é um pouco diferente, seja porque o nível de escolaridade das famílias é alto, como por exemplo na Finlândia, seja porque as escolas se preocupam em capacitar os pais, como por exemplo na Coreia do Sul. Este livro vai nessa direção: oferecer aos pais um conjunto de ferramentas para entender a educação de hoje, acompanhar o trabalho da escola e ajudar seus filhos, na prática, a atingir resultados excelentes.

revistapontocom – Há cerca de um ano, você participa do programa Bom Dia Rio, da TV Globo, como consultora em Educação, dando dicas para os pais. Neste dia a dia, como você vem percebendo a relação entre os pais/responsáveis e a escola? Os pais/responsáveis estão mais atentos às atividades das escolas?
Andrea Ramal – A interação comigo em função do programa é grande, recebo semanalmente dezenas de mensagens com dúvidas e contribuições. De fato a TV, com a coluna sobre educação e outros espaços, está cumprindo papeis importantes: colocar a educação em pauta, atualizar a população sobre assuntos educacionais que estão na ordem do dia e que afetam a qualidade do serviço que é prestado aos estudantes, informá-los sobre direitos que podem cobrar dos gestores e sobre o que podem fazer em casa para que seus filhos aprendam mais. Mas para além do que a TV pode fazer, há um trabalho que é da escola. Ela precisa conscientizar as famílias sobre a importância desta participação e se abrir mais à presença e às contribuições dos pais. A educação ainda é muito “terceirizada” pelos pais aos professores da escola, e a escola ainda não conseguiu construir uma relação de parceria e diálogo na prática do dia a dia. A educação só será completa e efetiva quando escola e família se entenderem como um time, com um único objetivo: o desenvolvimento integral e harmônico das crianças e jovens que formam.

revistapontocom – Essa ‘terceirização’ concedida pelos pais aos professores pode ter como justificativa o fato de que os pais/responsáveis não saibam o que fazer?
Andrea Ramal – De fato, as famílias têm muitas dúvidas. Existem questões de fundo: como educar num mundo com mudanças tão rápidas, poderosas tecnologias, alta competitividade? O momento em que vivemos exige um conjunto de competências sofisticado, que a educação de outras décadas não oferecia. Além disso, o atual modelo de produção e consumo está esgotado e é preciso reinventar tudo – países, empresas, profissionais, formas de viver a cidadania… – a partir do conceito de desenvolvimento sustentável, que supõe satisfazer as necessidades das gerações de hoje sem comprometer a qualidade de vida das gerações futuras. O novo cidadão precisará pensar fora da caixa para construir um novo modelo social, baseado em sustentabilidade e equidade. Isso implica educar as crianças para o respeito às diferenças, o diálogo multicultural, a inclusão social, a vida cidadã atuante, a atitude empreendedora. A todas essas questões “de fundo”, se somam os desafios do dia a dia: a violência das grandes cidades, a ameaça das drogas, os riscos da internet e das redes sociais, as seduções da sociedade de consumo. No livro discuto essas questões e proponho formas lidar com elas na educação do dia a dia.

revistapontocom – Fala-se tanto da crise da escola. Que a escola precisa se reinventar etc. Volta e meia, a imprensa divulga casos de famílias que resolveram ‘educar’ seus filhos sem contar com a escola. O que você pensa a respeito? A escola ainda se faz necessária em nossa sociedade?
Andrea Ramal – Como educadora, não posso deixar de acreditar na escola. Por mais que precise, sim, se reinventar, a escola é um ambiente privilegiado de aprendizagem e de desenvolvimento pessoal, interpessoal, social, político, cidadão. A ideia de educar sem escolas não é nova, Ivan Illich já falava disso na década de 70, e de uma maneira bem mais interessante do que o “homescholling”, pois ele imaginou uma grande rede de conhecimentos disponíveis, curiosamente similar ao que décadas depois se tornou realidade com a internet. Conheço experiências de homeschooling que funcionam bem, tanto em outros países como no Brasil, mas não creio que essa seja a saída para a formação de todas as pessoas. Acredito numa reinvenção da escola com inspiração em Paulo Freire, ambiente em que “as pessoas se educam umas às outras em comunhão”. Acredito numa sala de aula com janelas abertas para o mundo; num currículo contextualizado, significativo, multicultural e hipertextual; numa integração das mídias e tecnologias a serviço do humano; num professor-pesquisador, orientador de itinerários de aprendizagem, capaz de reinventar o saber docente de forma criativa e consistente; num aluno motivado e feliz, protagonista de uma rede de aprendizagem colaborativa. É possível transformar a escola num ambiente assim! E essa escola é, sim, capaz de mudar muita coisa no mundo.

revistapontocom – No seu livro, você lista os itens que os pais devem ficar atentos para escolher a escola do filho: afinidade com o projeto pedagógico, qualidade dos professores, abertura à participação da família, clima favorável, espaço físico, instalações adequadas, recursos e equipamentos, cuidados com segurança e saúde, localização, boas notas e escola conectada ao século XXI. Essas escolas existem de fato, tanto na rede pública quanto na particular?
Andrea Ramal – Existem poucas escolas que atendam a todos estes critérios. Mas é um dever de toda família ficar atenta a essas condições. E é um direito fundamental de todo cidadão esperar que seus filhos tenham acesso a uma educação dessa qualidade. Nessa lista não há nada supérfluo, nada do que se deveria prescindir. Defendo que as famílias não se conformem com pouco. Precisamos afastar essa ideia de que “assim que possível há que matricular o filho numa escola particular”. Há, mais do que isso, que exigir uma educação pública da mais alta qualidade. É o que se deve esperar de um país com o nosso potencial econômico.

revistapontocom – Este é o seu segundo livro de dicas para os pais? É um grande novo filão editorial? Que retornos você tem recebido?
Andrea Ramal – Resolvi escrever porque faltavam livros com orientações consistentes e práticas para os pais, vindas de um autor que tenha experiência educacional e escolar. Materiais escritos sem “pedagogês”, com linguagem acessível para qualquer pai ou mãe. Há ótimos livros com contribuições da área de psicologia, que abordam disciplina, limites e etc. Meu aporte é outro e pode ser resumido assim: o que um educador, que trabalha e conhece a escola por dentro e seus desafios hoje, gostaria de dizer aos pais? E ao mesmo tempo: o que os pais deveriam saber sobre o que acontece na escola? Como eles podem ajudar a resolver os problemas da vida escolar e até potencializar o trabalho da escola? E quais são as dimensões que não podem faltar na formação, mas das quais a escola não dá conta? Essas são algumas das coisas que este livro vem responder. O retorno que recebo é marcante, há mães que me mandam mensagens emocionadas dizendo que mudaram coisas simples na rotina de casa, e tudo funciona melhor. Que seus filhos estão mais interessados, mais de bem com a vida escolar e até mais felizes. Muitos professores me escrevem belas mensagens, também. Tudo isso é gratificante demais.

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