Ativistas espanhóis querem ensino nas escolas para acabar, o quanto antes, com a discriminaçãoA Parada de Orgulho Gay deste ano, em Madri, terá um objetivo educacional. Ao comemorar os 40 anos do evento, a Federação Estatal de Lésbicas, Gays, Transexuais e Bissexuais (FELGTB) exige a inclusão de aulas sobre homossexualidade nos colégios da Espanha. Com o lema Escolas sem armários, a entidade quer acabar com as discriminações que crescem a cada ano dentro das instituições de ensino e que vêm provocando marginalidade, problemas de saúde e até abandono escolar.
A justificativa da Federação tem como base uma pesquisa sobre Homofobia e Discriminação na União Europeia, divulgada, em março deste ano, pela Agência Europeia de Direitos Fundamentais. Segundo o documento, existe uma “situação de isolamento dos estudantes gays” e os professores “raramente são treinados, preparados ou inclinados a discutir sobre o tema da sexualidade”. O levantamento foi realizado em 18 países da Europa.
O relatório indicou ainda que há instituições religiosas e esportivas em que o tema homossexualidade é tratado como tabu. Esta também foi a conclusão de outro informe espanhol encomendado pela FELGTB.
“O sistema educativo não pode deixar de lado tantos jovens que estão crescendo e se sentindo perseguidos, marginalizados, culpados ou estranhos. É uma questão de resolver cedo os problemas de discriminação através da educação. Parece mentira que no século XXI ainda haja casos de menores ridicularizados nos pátios escolares, chamados de maricas e tratados de forma pejorativa. Por isso, vamos levar esta campanha às ruas, declarando 2009 como o ano da diversidade afetivo-sexual na educação”, disse à BBC Brasil o presidente da FELGTB, Antonio Poveda
A FELCTB criou, no início deste ano, um projeto piloto em uma escola madrilenha, onde uma vez por mês um homossexual conversa com alunos e esclarece dúvidas sobre o cotidiano, preconceitos e hábitos de saúde nas relações sexuais. O poeta espanhol Federico García Lorca, assassinado durante a guerra civil espanhola, acusado de subversivo e homossexual, será o homenageado da parada gay de Madri.