Por Zuenir Ventura
Jornalista
Por experiência própria, alguns dos países mais bem colocados no ranking de qualidade da educação — China, Coreia do Sul e Finlândia, principalmente — sabem que a isso se deve muito do seu desenvolvimento socioeconômico, sem falar no cultural. O Brasil, ou parte dele, parece não saber. Bastou o Ministério da Educação divulgar o novo piso salarial dos professores da rede pública, a fortuna de R$ 1.451,00, para que governadores e prefeitos protestassem e alegassem falta de recursos para adotar uma lei que já fora confirmada pelo STF. Onze deles se deslocaram até Brasília para pressionar pela mudança do parâmetro usado nos reajustes. Choraram miséria, falaram em nome da austeridade, mas acharam natural gastar na viagem, com passagens e diárias, o que dava para pagar um mês do novo salário de dezenas de profissionais de ensino.
O caso mais gritante é o do Rio Grande Sul, que ostenta o piso mais baixo, 791,00 (o de Roraima é R$ 2.142,00), e onde foi preciso que a Justiça obrigasse o governo a cumprir suas obrigações legais. Como observou o colunista Carlos Brickman, o governador petista Tarso Genro, “cuja função certamente não é tão útil quanto a de um professor, recebe quase R$ 30 mil mensais, fora casa, comida e muitas mordomias”. E parece não concordar com a opinião de seu colega de partido, o ministro Aluizio Mercadante, de que “a valorização do professor começa pelo piso”.
Por essas e outras é que quase ninguém mais quer ser docente aqui, enquanto em outros lugares acontece o contrário. Numa recente entrevista a Leonardo Cazes, o finlandês especialista em edu cação Pasi Sahlberg informou que “o magistério é a carreira mais popular entre os jovens do seu país”. Não por acaso, a Finlândia ocupa o terceiro lugar no ranking do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) e o Brasil o 53 entre 65 países. Talvez não seja coincidência também que o Distrito Federal, com o piso mais elevado (R$ 2.315,00), apresente o melhor resultado, segundo os critérios do Pisa.
É bom saber que o Brasil acaba de ser declarado a sexta economia mundial. Mas é triste constatar que em qualidade de educação estamos lá embaixo, atrás de Trinidad e Tobago, Bulgária e México. E que uma das razões é que dedicamos aos nossos mestres pouco carinho e remuneração insuficiente.
É revoltante a inação d o mundo diante do genocídio que vem sendo imposto ao povo sírio de Homs pelo ditador Bashar al-Assad. Em 1937, durante a Guerra Civil espanhola, quando Hitler fez o mesmo com uma cidade basca, arrasando-a, o martírio produziu pelo menos uma obra-prima: o quadro Guernica, de Picasso. Agora, além da conivência da Rússia e da China, a barbárie conta com o silêncio, a omissão ou a indiferença dos outros países, inclusive do Brasil.
Publicado no Jornal O Globo – 10/03/2012
Para que uma sociedade pensante! Do jeito que está fica mais fácil manobrar. E sabem eles que pensando, uma sociedade exige seus direitos, então, vamos encher a cabeça do povo com futebol e besteirol. Infelizmente não nos dão o devido direito, nem respeito.
O negócio é alimentar a política do pão e circo ao mesmo tempo que os bolsos incham.A ditadura civil está ai… se protestar…leva multa… ou é cercado de policiais armados , cães, armas não letais( para não pegar mal) e de helicopteros em seus voos rasantes…Professor não existe mais…existem repetidores de conteudos e planejamentos previamente preparados , caso do RJ… se naõ cria.. não pensa…porque pagar bem…ta brincando!!!! e não reclama… você será cercado… excomungado e tranferido para o purgatório ( caso de PMs grevistas)… me dá o dvd da fundação roberto marinho e deixa eu dar miinhas aulinhas de portugues… quimica…matematica… fisica.. geografia.. historia; ;filosofia..ingles.. na cara de pau..porque saber isso tudo.. nem mesmo o Cabral…
Olá
Cabe lembrar que o governador do RS atual, foi o ministro que assinou o decreto do piso.
Uma grande reflexão para todos os brasileiros.Uma profissão indispensável para um país que respeita suas crianças.
Adorável artigo apesar do último parágrafo ter nada a ver com o assunto.