Por Marcus Tavares
Editor da revistapontocom
Muito se fala sobre a responsabilidade do Estado na proteção e na promoção dos direitos da infância. Volta e meia cobra-se da escola a educação das crianças, por meio da constituição de conhecimentos e valores. Isso sem falar, é claro, na responsabilidade dos meios de comunicação, no sentido, por exemplo, de não violar e ou encurtar a infância, por meio de suas narrativas e linguagens. O que dizer da publicidade, sempre alvo, justo, de críticas? Essas são algumas das cobranças legítimas que, cada vez mais, são exigidas por uma sociedade que está aprendendo a cobrar pelos seus direitos.
Mas, neste início de ano, quero ratificar que esta mesma sociedade também tem deveres para com a infância, e em especial a família. Será que pais e ou mães estão de fato, e de direito e dever, exercendo seus papéis de orientadores, educadores, mediadores, enfim, de pais?
Não quero tirar a responsabilidade das instituições que citei acima, mas é imprescindível, sim, que os pais exerçam o papel que lhes foram outorgados. Muitas vezes, assistimos a um completo deslugar que ocupam na vida dos filhos. Não são exemplos nem dão exemplos. Não educam, não ensinam. Em alguns extremos, não sabemos quem são os filhos e quem são pais. Neste cenário, jogar a responsabilidade para o ‘outro’ é mais fácil.
Os pais precisam assumir quem realmente são na relação com os filhos. Não no sentido autoritário, mas na autoridade que lhes cabe. As crianças precisam de pais presentes, atentos, equilibrados, que saibam dialogar, ensinar, brincar, respeitar e dizer não.
Sei que muitas famílias, por exemplo, passam por situações financeiras complicadas, por crises em seus relacionamentos, por falta da figura paterna ou materna, mas creio que estes problemas não possam ser transformados em justificativas para a não-obrigação, de educar os filhos. Que o digam inúmeras famílias. E o que dizer então daquelas que, aparentemente, não enfrentam problemas financeiros e ou da ordem emocional e ainda sim não são presentes?
Que em 2012 sociedade, estado, instituições e os pais das crianças estejam unidos, cada qual cumprindo com o seu papel, para uma infância mais feliz.
Para dirigir um automóvel, dentro da lei, tenho que passar por etapas, dentre elas aprender a dirigir e ser certificada por uma instituição reconhecida. Igualmente para exercer uma profissão, preciso me preparar e ser reconhecida socialmente como detentora de um título que me autoriza para tal. Para comprar a crédito num estabelecimento comercial legal, tenho que comprovar que possuo condições de arcar com a divida que contrair. Poderia listar mais uma centena de exemplos de que viver em sociedade exige que etapas sejam cumpridas. Talvez esteja chegando a hora de pensarmos que para ser mãe ou pai é preciso ANTES passar por uma preparação. Maternidade e paternidade irresponsáveis precisam ser coibidas pois o prejuízo é socializado com todos, especialmente com as professoras. Na minha escola chegou-se ao cúmulo de eu chamar algumas famílias devido ao elevado número de faltas das crianças às aulas, comprovadas pelo registro diário, e as mães duvidarem, afirmarem que não é verdadeira a afirmação da professora. Que interesse a professora poderia ter em colocar falta para uma criança que estivesse presente às aulas? No entanto, as mães precisam comprovar que a frequência escolar está dentro do limite permitido pelo programa Bolsa Família. Se for preciso mentir, duvidar, agredir, e criar situações constrangedoras, tudo bem. Não há nada que impeça ou que coíba tal absurdo. Onde vamos parar?