Revista do Planeta – Por que você resolveu fazer um curso virtual como o ‘Por Dentro dos Meios’?
Júlio Magno Horta – No ano passado, assumi a coordenação do Espaço de Mídia-Educação do Centro de Ensino Experimental – Cícero Dias. Apesar de vir de uma história de educação não formal, senti a necessidade de me atualizar sobre o tema de mídia-educação. Em conversas com Silvana Gontijo e Eduardo Monteiro (consultores que orientam as atividades mídia-educativas na escola), fui incentivado a realizar uma capacitação à distância.
RP – Qual era a sua opinião sobre educação à distância? Ela mudou após a conclusão do curso?
Julio – Tive algumas experiências em educação à distância, porém, nunca foram muito boas. Sempre senti falta dos encontros presenciais e achei que os assuntos eram tratados de forma superficial. Esse olhar foi modificando com o tempo. Criei mais intimidade com o formato de educação à distância e, hoje, consigo ter um bom aproveitamento desse modelo. O curso ‘Por Dentro dos Meios’ contribuiu muito para esse movimento.
RP – Você estava há quanto tempo sem estudar? Como foi para você voltar a estudar?
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Júlio – Eu não parei de estudar, continuo fazendo cursos freqüentemente. Porém, fazia um bom tempo que eu não buscava cursos virtuais, acho que por causa das experiências anteriores. Achei ótimo dessa vez.
RP – Para você, o que é mídia-educação?
Júlio – É uma abordagem educativa que está atenta à interação comunicativa. Um modelo de ensino que utiliza recursos da comunicação e da mídia para desenvolver as competências pessoal, relacional, cognitiva e produtiva dos educandos. Para mim, a abordagem mídia-educativa está no grupo das grandes mudanças e inovações educacionais, das que contribuem para a formação de um indivíduo mais critico e inserido socialmente. Acho importante destacar a sintonia da abordagem mídia-educativa com outras propostas que seguem uma linha humanista. Isso muda a forma de perceber a relação educador X educando estimulando a abertura, a reciprocidade e o compromisso entre ambos.
RP – Você desenvolve algum trabalho mídia-educativo com seus alunos? Caso positivo, qual? O que eles pensam disso?
Julio – Sim! Há um ano venho trabalhando com atividades mídia-educativas junto a educadores e educandos. Os educadores ainda apresentam alguma resistência na hora do planejamento de ações mídia-educativas, mas ficam fascinados e estimulados quando percebem que têm uma grande ferramenta nas mãos, capaz de tornar suas aulas mais interessantes e criativas.
Do lado dos educandos a resistência “sai de cena” e dá lugar ao interesse. Eles, freqüentemente, abandonam a postura de indiferença frente aos apelos pedagógicos e apresentam um envolvimento raro de se ver dentro de sala de aula. Os educandos adoram fazer suas tarefas utilizando recursos de mídia e é muito fácil perceber o desenvolvimento de suas competências comunicativas nesse processo. Por fim, temos um resultado positivo: educandos mais interessados, participativos e com boa fluência escrita e verbal. Creio que a educação e a sociedade ganham muito. A pedagogia se abre para novos recursos mais afinados com o mundo moderno. E a sociedade forma cidadãos mais participativos e incluídos, pessoas mais capazes de expressar suas idéias e exercer sua cidadania.
RP – Como é a escola dos seus sonhos?
Júlio – A escola dos meus sonhos é aquela onde o educando é visto como fonte de iniciativa, abertura e compromisso e não somente como um depósito de conteúdos. Um ambiente de aprendizagem que influa – através da cooperação entre educadores e educandos – na promoção da autonomia, da solidariedade e da competência dos nossos jovens e, dessa forma, também contribua para a construção de uma sociedade mais equânime. Acredito que umas das propostas educativas que caminham nessa direção seja a Educação Interdimensional, ou seja, uma educação atenta para o desenvolvimento do homem em todas as suas dimensões, que não contemple somente a razão, mas também a emoção, a corporeidade e a dimensão transcendente da vida.