Nesta quinta-feira, dia 7, mais uma notícia triste chegou aos noticiários do Rio, repercutindo em todo o mundo: a tragédia que aconteceu na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, Zona Oeste do Rio. Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, ex-aluno da escola, entrou na instituição armado, disparando tiros. Matou 11 crianças. Depois de levar um tiro na perna, disparado pela polícia que conseguiu ser avisada a tempo, se matou com um tiro na cabeça. Segundo as últimas informações da Secretaria Estadual de Saúde do Rio, há também 13 feridos, sendo dez meninas e três meninos – quatro em estado grave.
Tão logo que ocorreu a tragédia, os meios de comunicação já estavam de prontidão. Com certeza, o assunto ainda ganhará muito espaço na mídia e crianças e jovens tomarão conhecimento do assunto. Qual é o impacto desta informação no dia a dia deles? Como explicar o inexplicável? Como conversar sobre o assunto? Como não aterrorizá-los nem traumatizá-los? Como será o dia seguinte?
A revistapontocom abre aqui um espaço para vocês leitores opinarem e debaterem sobre o tema.
Abrimos a discussão com a opinião da psicanalista Maria Rita Kehl. Participe!
Maria Rita Kehl – Claro que os pais e professores devem conversar com as crianças a respeito de episódios violentos como este que aconteceu diante delas. O pior meio de proteger uma criança é manter silêncio sobre o que elas já sabem e precisam esclarecer – e o que é mais difícil – elaborar. Penso que, mais do que explicar o que nós adultos nem saberíamos explicar, de tão absurdo que é, o melhor a fazer seria ouvir as crianças, deixá-las falar muito, fantasiar, botar para fora seus medos e sua raiva e depois tentar ver as soluções que elas dariam para o problema, mesmo que sejam soluções fantasiosas, impossíveis. O importante é fazer a palavra e a imaginação circularem entre todos de modo a que elas readquiram um pouco de confiança na escola e na capacidade delas próprias entenderem, bem ou mal, as coisas que acontecem.
Drª Maria Rita
Concordo, até porque todos que trabalham e estudam em escolas públicas e que vivenciam estas situações diariamente: violência dentro do espaço escolar. Não tem como esconder. Se os alunos forem maiores; como os do 2º grau , é possível abrir um debate com uma produção para mudança de comportamento social. Já tivemos casos de violência entre alunos do ensino fundamental e as mesmas eram amigas íntimas. Neste caso, acredito que abrir um debate com as famílias seria bastante proveitoso, mesmo que os resultados fossem a longo prazo. Toda a sociedade precisa estar mobilizada e se sentir responsável. Após este fato trágico, levantará vários questionamentos sociais e isto poderá trazer novas soluções. Apesar de perdas humanas irreparáveis. No episódio de Realengo foi o ponteiro mancando o máximo. Por pouco não assisti a um assassinato de um aluno em frete a escola em que trabalho. Acho que está na hora da sociedade sentar e discutir , dialogar e procurar a solução. Isto já começou . Nas ruas as pessoas ao nosso lado emitem uma opinião; antes não se sabia quem estava ao nosso lado!