A comunicação persuasiva e o professor

Por Marco Antonio Vieira Souto
Publicitário e conselheiro do planetapontocom

Se comunicação e educação podem ser consideradas como parte de um único processo, já que sem comunicação não existe educação e o aprendizado é sempre um dos preceitos da comunicação – não importando se do novo atributo de um produto ou um novo filme a entrar em cartaz, ou ainda uma nova ideia política, social ou cultural que se pretende divulgar -, então, o que seria o professor neste processo?

Mal comparando, podemos dizer que o professor é um agente de comunicação. Quase como se fosse ele próprio um veículo de comunicação. Pois é ele que detém o conteúdo ou a orientação para se chegar ao conteúdo que deverá ser debatido em sala de aula. Ele é um dos principais emissores das mensagens, embora, já sabemos, não seja o único. Portanto, é fundamental que, tendo consciência de seu papel no processo de comunicação, o professor saiba como tirar maior proveito para conquistar seus objetivos em sala de aula.

É comum se atribuir ao conceito de comunicação persuasiva uma imagem negativa. Talvez por entender a propaganda, a mais evidente mostra de comunicação persuasiva, como algo apenas nocivo, que incentiva o consumismo sem limites, que muda padrões de comportamento etc.

Já vimos que a propaganda está a serviço das mais diversas categorias de produtos, serviços e ideias e que ela busca, na própria sociedade, os padrões de comportamento que apresenta nas peças de comunicação.

Mas voltando ao professor como agente de comunicação, é de fundamental importância que ele entenda o seu papel.

Nas empresas, o gerente, que lidera equipes de pessoas dos mais variados perfis, também é um agente de comunicação. Tanto ele como o professor, que também podemos imaginar como um gerente na sala de aula, deverão, antes de mais nada, conhecer profundamente o seu, ou seus, público(s).

Conhecer o público ou o receptor da mensagem significa não apenas saber suas características socioeconômicas ou culturais ou seu perfil escolar. É preciso ir mais fundo, com conversa, com o olhar aguçado para detalhes que nem sempre estão visíveis claramente.

A exemplo da propaganda, vamos tentar conhecer aquilo pelo qual estamos dispostos a mudar nosso comportamento, aquilo a que atribuímos valor, aquilo que nos dá prazer: nossos desejos.

Na mesma linha, temos que descobrir o que bloqueia a realização desses desejos, os medos, as dúvidas, os limites reais ou imaginários.

Se o homem é um animal desejante, que se movimenta, vive e morre por seus desejos, ao descobrirmos o que move nosso público teremos nas mãos uma excelente oportunidade de atribuir mais valor, e, portanto, mais interesse, participação, envolvimento etc, a tudo que acontece dentro de sala de aula.

Já conhecemos o perfil do nosso público, já sabemos seus desejos, suas barreiras, o que precisamos mais saber?

Como resolver ou superar estas barreiras para que o desejo possa se realizar.

O COMO, aqui descrito, é o que poderíamos chamar de nossa estratégia.

O que temos de melhor para propor? Por que podemos considerar o melhor caminho? Que razões justificam a escolha deste ponto central do nosso discurso?

É preciso que o nosso público, nesta ordem, entenda o que falamos, se interesse, se mobilize e parta para a ação.

Para isso, o professor terá que ser claro na sua proposta, usando linguagem e tons que sejam facilmente compreendidos, que apresente uma proposta que seja valorizada, portanto, identificada com os desejos, que utilize veículos e momentos de comunicação e interação pertinentes e, finalmente, que ofereça meios para a ação pretendida se concretizar.

Como vimos, é processo que exige da parte do professor um conhecimento profundo de seus alunos, mas que traz, ao longo da relação com os alunos, recompensas e resultados valiosos.

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