Agosto me deu dois grandes presentes e eu preciso falar deles antes de meiar o mês de setembro

Por Paloma Jorge Amado
Cronista e ilustradora

Quantas vezes conhecemos uma pessoa e nos damos conta de que temos tudo a ver com ela, parece que somos amigas desde sempre, dizemos: amigas de infância.

Pois, estava eu ainda em Brasília quando minha filha Cecília ligou querendo saber se eu voltaria para casa a tempo do final da Flipelô. Respondi que sim, fui para o lançamento em São Paulo, iria para os dois últimos dias em Salvador, queria ouvir o Mia Couto e o Itamar Vieira Júnior. Ela me contou da ida de Laura Esquivel, de quem sou fã desde “Como água para chocolate”, portanto há uns quarenta anos. A ideia era juntar a escritora com a cineasta, que grava no momento a série “Da Manga Rosa”, cuja temática é exatamente amor, sexo e gastronomia, mas Cecília viajaria justamente para filmar um episódio, e teria que declinar da mesa supimpa que lhe era proposta. Imediatamente me ofereci para substituí-la, o argumento da série sendo meu, poderia fazê-lo sem passar vergonha. Viajei de volta para Salvador um tantinho nervosa de encontrar esta pessoa tão especial. Não combinamos nada. Cheguei de noite e na manhã seguinte lá estávamos nós duas na Casa do Carnaval (mais uma obra do grande Gringo Cardia, não deixe de conhecê-la quando for a Salvador. E se já está aqui e não conhece, o que está fazendo sentado em casa domingo que não vai imediatamente?) Eita parêntesis maior do mundo… Lá estávamos nós duas, nos olhando nos olhos… amigas de infância!! Talvez até de berço, ambas abençoadas por Nossa Senhora de Guadalupe.

A mesa foi linda, encheu de gente e todo mundo gostou. Saímos para buscar um sarapatel no Rio Vermelho, que ela não conhecia, a levei para visitar a Casa do Rio Vermelho. Quando chegamos a seu hotel já era noite.

Dei a ela um oratório de Lupita, ela me convidou para a festa nacional do México agora em setembro. Para alegria dos brasileiros, Laura é a embaixadora do México no Brasil, e eu já estou com passagens compradas para ir revê-la, ouvir e cantar canções mexicanas, reverenciar com a amiga querida nossa santa de devoção.

Um amigo, a quem comentei a alegria desse encontro, comentou que a Virgem morena nos ama, a mim e à Laura, nos reunindo, mandando o México até Salvador!

Outra coisa que se diz com frequência é: “Parece que foi ontem”. Passa-se um tempo sem rever amigos, ao encontrá-los sente-se que o tempo não passou. Pois… Assim que Laura foi embora, recebi uma mensagem de minha sobrinha Maria João sobre uma senhora italiana, Bruna, que estava na Bahia e queria me ver. Era esposa de um poeta e já estivera comigo na Casa do Rio Vermelho. Sim!!!! Na mesma hora me veio à cabeça Bruna Bianco e seu noivo Ungaretti. Foi em meados dos anos 60 que recebemos o ilustre casal em nossa casa, com eles passeamos, fomos aos candomblés de Mãe Senhora e Mãe Menininha. Ela uma moça linda de 28 anos, ele o poeta incrível de 90.

Liguei, falei com ela, jantamos juntas 57 anos depois de nos termos visto pela última vez. Conheci sua amiga Tiziana, médica e minha amiga de infância imediatamente! Parecia que as tinha visto ontem. De verdade!

Bruna me fez um convite tentador, para a inauguração da mostra “Ricordi d’Amore del poeta Giuseppe Ungaretti” em Canelli, no Norte da Itália. Eu poderia contar o meu encontro inesquecível com o poeta, ambos apaixonadíssimos, ele aos 90 anos por Bruna, eu aos 15 anos por Pedro José. Como as infâncias da amizade não têm idade, nós também éramos amigos de infância. Queria (quero!) muito ir, pensei no jeito a dar nas finanças para a passagem, mas tenho um compromisso inadiável aqui em Salvador, com outra amiga italiana, a Cristina Cenciarelli, fotógrafa incrível, quando, na mesma data, plantaremos fotografias e um cacaueiro na Casa do Rio Vermelho. Fiquei rachada em cruz, mas penso ir a Canelli visitar Bruna e Tiziana muito em breve.

Grande mês de agosto, o deste ano. Eu diria que foi o mês da amizade e da vida renascida.

E se agosto foi bom, setembro se anuncia ótimo, o Brasil voltando aos eixos como deve, indo a fundo nos temas principais, que fizeram o país regredir tanto em tão pouco tempo. Não, não vou falar de política agora. Daqui a pouco vou gravar para o “Da Manga Rosa” com a Dadá Coelho, vamos a um bailinho da 3ª idade, vou falar em como é ótimo o sexo na idade em que estou… Olha a menina indecente!…

Por falar em Dadá Coelho, aproveito para mandar daqui os parabéns para seu marido Paulo Betti, o homem de Nevada… Ele e Celso Adolfo são meus queridos do coração e acabam de fazer aniversário.

Só posso dizer que ando muito feliz.

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