Por Desirée Ruas
Do site Rebrinc
Você abre o grupo de WhatsApp da escola e lá estão as fotos do seu filho na aula de artes, no recreio, na educação física, na aula de natação… Fotos que você não compartilharia porque preza a privacidade dos pequenos mas que algum pai ou mãe achou que você gostaria de ver que está tudo bem na escola hoje. Em outra ocasião, uma mãe publica a foto do olho roxo do filho, que se machucou na escola, para saber qual criança de cinco ou seis anos de idade seria a responsável pela “agressão”.
Até que ponto os grupos de pais ajudam ou atrapalham a vida escolar dos filhos? Como nossos filhos irão aprender a fazer bom uso destas ferramentas de comunicação se seus pais e mães destilam ódio nas redes sociais, compartilham conteúdos ofensivos ou não respeitam as regras de boa convivência em um grupo?
Aprender a usar
A especialista em segurança digital e integrante da Rede Brasileira Infância e Consumo, Fabiana Gutierrez, lembra que o grupo de pais e mães é, sem dúvida, aquele que exige mais atenção dos usuários. “Algo que deveria ser extremamente útil, muitas vezes se torna um telefone sem fio, causando desconforto e exposição desnecessária” comenta. Ela explica que, como qualquer meio de comunicação escrito, o grupo de mensagens funciona como um registro. “Esse registro vai para diversas pessoas com um clique que pode viralizar o conteúdo, seja um comentário ou uma imagem, inclusive isolado de um contexto. Como toda interação virtual, o WhatsApp tem que ser visto como uma ferramenta que exige cuidado e atenção no uso”, ensina Fabiana.
O compartilhamento das informações coloca a criança ou o adolescente em uma situação desnecessária de exposição. Para Fabiana, os princípios básicos de cidadania digital devem sempre ser levados em conta. Em primeiro lugar é muito importante o cuidado com a exposição pessoal: “cada rede tem sua própria linguagem e finalidade. Os grupos de pais no WhatsApp foram feitos para trocar informações relevantes sobre assuntos das aulas e da escola. As demais informações ou comentários e, principalmente, fotos devem ser muito bem avaliadas antes de postadas. O mais preocupante é que, as imagens, uma vez na rede, mesmo quando apagadas, não apenas não desaparecem como podem ser compartilhadas e salvas. É sempre bom lembrar – e revisar – quem são os contatos que fazem parte daquele grupo. Nem sempre queremos de fato compartilhar essas imagens com todos os contatos”.
Quem usa os grupos deve saber o que é particular e privado e deve ser assim mantido: “Fotos, detalhes da vida pessoal, discussões familiares e dados pessoais são algumas das informações que não devem ser compartilhadas. A finalidade do grupo não é essa e as informações podem ser repassadas sem seu consentimento ou controle”.
E a última grande dica da especialista Fabiana Gutierrez é: pensar antes de postar. “Ainda que seja verdade e utilidade pública, que a informação valha mais que seu silêncio, lembre-se que o calor da emoção pode fazer com que as palavras usadas não sejam as melhores. Correntes, opiniões políticas e assuntos religiosos, em especial, devem ficar fora desses grupos. Num grupo como esse estamos representando outras pessoas, no caso nossos filhos. É importante lembrar disso.”