Por Marcus Tavares
Na última terça-feira, dia 14, os estudantes Estevão dos Santos, Debora Santos e Maria Araujo, do Colégio Estadual Julia Kubitschek, fizeram um programa diferente: foram ao cinema. Eles e outros estudantes da rede estadual de ensino do Rio de Janeiro assistiram ao filme À beira do caminho, no Cine Odeon, na Cinelândia, Centro do Rio. Cinema, inclusive, com direito a um debate exclusivo com o diretor do longa, Breno Silveira. “É bem bacana porque depois do filme conseguimos trocar ideais com o diretor. O filme é bem bonito”, destacou Estevão, ao lado de André Barbosa, seu professor de Didática.
Segundo André, além de entretenimento, cinema também é cultura, educação, conteúdo que pode ser discutido e refletido depois da sessão, ainda mais com estudantes que serão futuros professores. “Esta obra em especial fala sobre relações humanas, questão crucial no dia a dia dos profissionais do magistério”.
Se o público gostou, o que dizer do diretor Breno Silveira? “A cultura precisa do espelho, do público. Então quando você tem um filme que fala da nossa cultura, da nossa alma, que tem a nossa cara, é importante que haja um espelho significativo e, se for de jovens, melhor ainda”, destaca.
Em entrevista à revistapontocom, Breno diz que gosta de ter atores crianças em seus filmes, pois elas trazem o olhar que os adultos não têm, um olhar sem filtros, neuroses e complicações. Em À beira do caminho, a função do garoto Duda (Vinícius Nascimento) é trazer de volta à vida o personagem João (João Miguel), que se encontra amargurado e triste. “O Duda, a criança, traz uma visão que João não tinha da própria realidade. Ele faz João voltar a se encontrar com todos os laços que deixou para trás”, conta.
De acordo com Breno, o ator Vinícius Nascimento, que interpreta o Duda, foi escolhido de um grupo de mais de 500 meninos. Segundo o diretor, o baiano Vinícius é um garoto que consegue falar sem usar a palavra. Ele fala com os olhos, com o sorriso, com o aperto de mão. “Ele mesmo calado é expressivo. Tem um olhar profundo, não é só um bom ator. Tem isso na alma dele, o que engradece o papel da criança no texto, no filme”.
A ida dos estudantes da rede estadual ao cinema faz parte do projeto Cinema para Todos, da Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro que tem o objetivo de estimular e democratizar o acesso dos alunos às salas de cinema. O programa atua em duas frentes: organizando sessões exclusivas para escolas e promovendo a distribuição de vales-ingresso gratuitos, que podem ser utilizados em qualquer dia e hora nas 65 salas de cinema conveniadas em todo o Estado, para todos os filmes brasileiros em cartaz, inclusive finais de semana e feriados, sem obrigação de uniforme ou apresentação de caderneta escolar.
Os vales-ingresso podem ser trocados por alunos do 9º ano do Ensino Fundamental, do Ensino Médio e do segmento Ensino de Jovens Adultos, seguindo a classificação indicativa de cada filme. Em alguns casos, as sessões agendadas pelas escolas contam com a presença de direção e elenco dos filmes exibidos. O agendamento pode ser feito por e-mail: [email protected] ou por telefone (21-2220-3638 e 21-2524.6647). O programa promove também oficinas de videointeratividade, encontros pedagógicos com os professores e, em breve, criará cineclubes em 30 escolas, além de fechar parcerias para aproveitamento das instalações de outros 30 cineclubes independentes e já em atividade.